terça-feira, 30 de junho de 2009

Vozes noturnas

Participei ontem de uma palestra sobre as relações da música, dos músicos e da industria em tempos de internet. Não vou saber precisar o titulo da palestra e também não vou me arriscar a rebatizá-la aqui, mas o palestrante foi ninguem menos que o Senhor F. Após esse momento mais formal as pessoas se dispersaram e acabamos todos num bar. Todos quem? Ora, alguns notaveis cidadãos participantes da vida cultural de Canoas e o Senhor F

Me senti um analfabeto em muitos momentos. Os caras tem muito conhecimento e muita velocidade de raciocinio, talvez até por isso a minha insonia de hoje! Acordei com várias perguntas na cabeça e vontade de respondê-las e argumentar e enfim, acordei com uma estranha vontade de pensar a respeito de coisas e não estou disposto a deixá-las se calar agora, embora ainda sejam 5h46, e eu tenha ido dormir quase as 2hs da manhã.

Uma dessas vozes me perguntava sobre o que eu achava da pedofilia. Não vou me lembrar da pergunta exatamente, mas eu comecei a pensar coisas do tipo "Calma gente, o Michael já era!" ou "Poxa, isso mudou agora com a Lei Marcelo Camelo." Calma! Não me taquem pedras, mas essas coisas surgem dentro da cabeça sem um controle prévio, mas o que sai é de minha responsabilidade. Aprendi mais sobre isso hoje, mas não vem ao caso no momento. Seguindo o assunto e dialogando comigo mesmo, comecei a lembrar de toda essa coisa de orkut, exibicionismo, imaturidade e falta de compromisso na qual uma parcela expressiva dos usuários de internet, em especial jovens adolescentes, estão envolvidos.

Quantas meninas menores de idade me adicionaram nos últimos meses? Quantas delas postavam fotos de si mesmas, imitando artistas ou "artistas"?(afinal, cada coisa que se chama de artista hoje em dia que me deixa em dúvida do uso da palavra) Sabe.. não foram uma nem duas, mas uma dezena ou mais delas e, tomando por base outros contatos que tenho em minha própria rede de amigos do orkut, fica evidente um comportamento mais sexualizado das crianças ou adolescentes. 

Eu não tenho fontes teóricas aqui, mas vou buscar, sobre esse termo adolescente, mas ao que parece, essa fase da vida está cada vez mais começando cedo e terminando tarde. Qual o marco inicial da adolescência? Puberdade? Interesse pelo sexo (oposto ou não)? E mais, qual é o marco final dessa fase?? Trabalho? Sair de casa? Entrar na faculdade? Por exemplo: eu.. eu moro com os meus pais, não tenho trabalho formal, estou na universidade, o que sou eu?? Tenho uns 20 e poucos anos de idade... serei adulto? Ao que parece a legislação brasileira tem uma palavra sobre isso: Até os 30 anos o cidadão é considerado por lei um jovem. Beleza, sou um jovem então.

Mas voltando a dois paragrafos atrás, falava sobre a questão das crianças na internet demonstrando coisas por textos, por fotos, por blogs. Se comunicando com o mundo como "nunca antes na história" e exatamente por isso expostos a riscos que não haviam antes.. ou haviam, mas estavam velados? Tocando no ponto da pedofilia (filosoficamente, quero dizer) não foi a internet quem inventou, sempre esteve lá em algum lugar escondida, mas agora ela está ao alcance dos curiosos e cultuadores, mas quem são os novos pedofilos. Pergunto novos, pois em tempos passados eram exclusivos os padrastos, pais, padres, tios, etc. Pessoas da relação pessoal da criança. E agora são qualquer um que já passou por um site obscuro, album de fotos, fotolog de adolescentes e parou 30 seg pra prestar mais atenção àquela jovem notável. Ou seja.. hoje todos que usam a rede, ou uma grande maioria poderiam ser potenciais pedofilos.

As crianças hoje estão no controle dos mouses e teclados mundo a fora, se comunicando e abrindo um canal dinamico com o mundo que fala a forma como eles falam, sobre os interesses que eles tem e com a velocidade que eles querem. Os pais do sec. XX ficaram pra trás nessa corrida, a escola ficou pra trás... eles são a nova vanguarda. Daria pra comparar com os primeiros homens a pisar na Lua, com a diferença que na internet tem alguma coisa pra fazer e na Lua só se pode recolher pedrinhas, algo como subir numa montanha e depois descer de novo, soh pra conquistar o cume (tem uma piadinha a respeito disso, mas vou guardar pra depois). 

Diria aqui que o unico caminho para proteger as crianças de se machucarem psico-emocional-fisicamente através da internet é se os pais usarem esse recurso junto com os filhos, não como fiscalizadores, policiadores, censuradores, mas como companheiros, como amigos, como interessados em conhecer quem são, afinal, seus filhos. Do que eles gostam de conversar? Quem sao seus amigos? Onde gostam de ir? O que gostam de ler? O que gostam de ouvir? Hoje as portas estão muito mais abertas a esse tipo de dialogo do que em outros tempos, é apenas uma questão de feeling. Não acredito que em outros tempos as crianças conversavam muito mais com os seus pais, elas apenas não tinham outra alternativa. Não pensem que eu estou discartando a possibilidade de as pessoas se comunicarem como "antigamente", com contato direto, inter-relaçao e tal, só estou dizendo que uma comunicação que começa virtual, pode ser muito mais real do que tantas outras relações pessoais de "oi, tchau" ao vivo.

Frase do dia:

-Só o cume interessa. (Sábio Montanhês)